Einstein acerta de novo: ondas gravitacionais são reias.
26/07/2021
Marcelo M. Guimaraes
14/02/2016
Foi em 11 de Fevereiro de 1916 que Albert Einstein, usando sua recém escrita Teoria da Relatividade Geral, previu a existência de um tipo completamente diferente de onda. Diferente das ondas sonoras que se propagam nos gases, em líquidos e sólidos, diferente das ondas eletromagnéticas que não precisam de nenhum meio para se propagar, as ondas gravitacionais, propôs Einstein, seriam perturbações no próprio espaço-tempo. Em 1905, com a Teoria da Relatividade Restrita, Einstein deu fim à noção de espaço absoluto e tempo absoluto, passando a existir apenas uma entidade: o espaço-tempo. Durante 1915 e nos anos seguintes, Einstein conseguiu descrever a Força Gravitacional, uma das 4 forças fundamentais da natureza, como a curvatura do espaço-tempo, causada pela presença de massa e energia, conceitos que também desde 1905 deveriam ser tratados como um só, na sua famosa equação E = mc2. Cem anos depois, em 11 de fevereiro de 2016, a equipe do LIGO, acrônimo para Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory, anunciou que detectou diretamente a existência de ondas gravitacionais. A espera de 100 anos havia acabado e Einstein estava certo, mais uma vez. Ondas gravitacionais já haviam sido usadas anteriormente, nas décadas de 1970 e 1980, para explicar o decaimento da órbita de pulsares binários. Entretanto, essa é uma medida indireta. O sinal detectado pelo LIGO é proveniente da coalescência (fusão) de dois buracos negros, com massas de 36 e 29 massas solares. O resultado da coalescência é um buraco negro com 62 massas solares, significando que aproximadamente o equivalente a 3 massas solares foram convertidas em energia na forma de ondas gravitacionais. O segundo resultado importante desse experimento é a confirmação direta da existência de buracos negros, mais um triunfo para a Relatividade Geral. Para realizar tamanho feito, os 2 interferômetros possuem braços de 4km de extensão e estão localizados em cidades americanas distantes cerca de 3.000 km. A certeza na detecção do sinal vem do fato de que os 2 interferômetros mediram o mesmo evento, com uma diferença de apenas 7 milisegundos, tempo necessário para a onda gravitacional ir de uma cidade à outra. Uma nova janela acaba de ser aberta para a observação do Universo. Há mais de 400 anos Galileu Galilei apontou sua luneta para o céu e a humanidade nunca mais foi a mesma. Vivemos o mesmo momento, uma nova forma de enxergar o Universo foi inventada. Quais novos fenômenos iremos descobrir? Quais novas perguntas surgirão? O futuro é promissor, não estamos mais restritos à luz das estrelas, agora podemos usar a própria gravidade para observar o Universo.